Pessoal, lhes indico o site do Núcleo de Pesquisa Marques da Costa. Como consta no próprio site, o grupo tem como objetivo trazer a tona a história do anarquismo no Brasil, e principalmente no Rio de Janeiro e funciona no âmbito da Biblioteca Social Fábio Luz no RJ. Pros interessados, fica ai a sugestão de mais um site preocupado com o resgate histórico das lutas dos anarquistas de ontem, hoje e sempre!
Núcleo de Pesquisa Marques da Costa
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
CEDEMA.ORG
Navegando pela rede a procura de peças que poderiam reconstruir essa imensa história que é a dos militantes libertários da América Latina, encontrei um site que trata especificamente de organizações e movimentos armados. O CEDEMA (Centro de Documentación de Los Movimientos Armados) reúne uma série de documentos de organizações da América Latina, não apenas de orgs libertárias como a OPR-33 (Organização Popular revolucionária 33 Orientales) do Uruguai em que militavam anarquistas da FAU (federação Anarquista Uruguaia), mas também marxistas, leninistas etc.
Para quem está interessado em fazer pesquisas nessa área, conhecer melhor a história das esquerdas latino americanas ou tem apenas curiosidade pelo assunto, o site parece ser bem interessante.
Aí VAi!!!
http://www.cedema.org
Para quem está interessado em fazer pesquisas nessa área, conhecer melhor a história das esquerdas latino americanas ou tem apenas curiosidade pelo assunto, o site parece ser bem interessante.
Aí VAi!!!
http://www.cedema.org
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Mães de Santo, Mães do Samba
Por Obashanan - Alabê da Faculdade de Teologia Umbandista
A música de terreiro sempre esteve presente nas origens da Música Popular Brasileira, sob a figura de pessoas importantíssimas para nossa identidade como povo nos dias de hoje. Embora não haja uma preocupação em resgatar, e, mais do que isso, admitir a importante parcela de contribuição oriunda dos terreiros na formação da estrutura harmônico/rítmico/melódica do cancioneiro popular, o passado não pode ser mudado, muito menos extinto. Assim, aqui vamos lembrar das "Tias" que deram origem ao samba - e suas derivações, quase esquecidas nos livros, mas sempre lembradas no lamento do atabaque, do surdo e do pandeiro.
Fonte: Cultos de Nação Candomblés nº 06
Fotos: Tia Ciata e Tia Josefa; Donga; João da Baiana e Pixinguinha
A música de terreiro sempre esteve presente nas origens da Música Popular Brasileira, sob a figura de pessoas importantíssimas para nossa identidade como povo nos dias de hoje. Embora não haja uma preocupação em resgatar, e, mais do que isso, admitir a importante parcela de contribuição oriunda dos terreiros na formação da estrutura harmônico/rítmico/melódica do cancioneiro popular, o passado não pode ser mudado, muito menos extinto. Assim, aqui vamos lembrar das "Tias" que deram origem ao samba - e suas derivações, quase esquecidas nos livros, mas sempre lembradas no lamento do atabaque, do surdo e do pandeiro.
No contexto do qual resultou a fixação do samba no Rio de Janeiro, em fins do século XX, a presença das chamadas Tias Baianas foi de grande importância, sob qualquer ângulo que se estude a questão: como guardiãs da cultura popular que elas mesmas transportaram de Salvador para o Rio de Janeiro, e como transmissoras dessa mesma cultura para seus descendentes e para os que delas se aproximaram na nova terra; como sacerdotisas de cultos e ritos herdados de ancestrais e legados ao futuro; como festeiras eméritas, mestras na arte do samba, versadoras, improvisadoras, cantadeiras, passistas e mesmo como cozinheiras absolutas, mantendo por dias os fogões acesos e os quitutes quentinhos para os que vinham "brincar o samba" em seus casarões, em festanças que chegavam a durar uma semana.
Tia Bibiana, Tia Preseiliana de Santo Amaro, Tia Veridiana e Tia Josefa Rica, eram assim, e tantas outras mais. Porém, ao ser focalizada a história do samba, o nome que aparece com mais destaque, citado nas entrevistas de contemporâneos como João da Baiana, Pixinguinha, Donga, entre outros, e por todos os historiadores, é o de Hilária Batista de Almeida: Tia Ciata.
Casada com João Batista da Silva, um negro também baiano que havia cursado - sem concluir - Medicina em Salvador e ocupava bons empregos no Rio por conta de seu preparo, Ciata reinava absoluta no casarão da Rua Visconde de Itaúna, onde, segundo Pixinguinha, "tocava-se choro na sala e samba no quintal". Tal divisão era explicada pelo fato de ser o choro tolerado pela polícia, enquanto o samba era considerado coisa de marginais e perseguido. Como a posição social dos donos da casa estava acima do habitual, gozando de certo prestígio perante as autoridades, usava-se o disfarce do choro na sala da frente e sambava-se à vontade no quintal, sem que a polícia batesse à porta.
Além de cozinheira perfeita, a baiana tinha mão abençoada para doces, no testemunho de todos que os saborearam. Vestida de baiana, também os comercializava pelas ruas do Rio de Janeiro, e com tino comercial alugava roupas de baiana para outras vendedoras, chegando a manter uma equipe só sua de ambulantes nas ruas. Mãe-de-Santo afamada, Tia Ciata festejava seus Orixás, sendo famosas suas festas de Cosme e Damião e de Oxum, Nossa Senhora da Conceição. Nas festas profanas, suas habilidades de partideira a destacavam nas rodas de partido-alto, e seu neto, Bucy Moreira, aprendeu com ela o segredo do "miudinho": uma forma de sambar de pés juntos que exige destreza e elegância, da qual Tia Ciata era mestra.
Ja viúva, reverenciada como rainha (no carnaval os ranchos desfilavam sob sua janela), figura exponencial da Festa da Penha, faleceu em 1924, cercada do respeito de pessoas de todas as camadas sociais da cidade.
Casada com João Batista da Silva, um negro também baiano que havia cursado - sem concluir - Medicina em Salvador e ocupava bons empregos no Rio por conta de seu preparo, Ciata reinava absoluta no casarão da Rua Visconde de Itaúna, onde, segundo Pixinguinha, "tocava-se choro na sala e samba no quintal". Tal divisão era explicada pelo fato de ser o choro tolerado pela polícia, enquanto o samba era considerado coisa de marginais e perseguido. Como a posição social dos donos da casa estava acima do habitual, gozando de certo prestígio perante as autoridades, usava-se o disfarce do choro na sala da frente e sambava-se à vontade no quintal, sem que a polícia batesse à porta.
Além de cozinheira perfeita, a baiana tinha mão abençoada para doces, no testemunho de todos que os saborearam. Vestida de baiana, também os comercializava pelas ruas do Rio de Janeiro, e com tino comercial alugava roupas de baiana para outras vendedoras, chegando a manter uma equipe só sua de ambulantes nas ruas. Mãe-de-Santo afamada, Tia Ciata festejava seus Orixás, sendo famosas suas festas de Cosme e Damião e de Oxum, Nossa Senhora da Conceição. Nas festas profanas, suas habilidades de partideira a destacavam nas rodas de partido-alto, e seu neto, Bucy Moreira, aprendeu com ela o segredo do "miudinho": uma forma de sambar de pés juntos que exige destreza e elegância, da qual Tia Ciata era mestra.
Ja viúva, reverenciada como rainha (no carnaval os ranchos desfilavam sob sua janela), figura exponencial da Festa da Penha, faleceu em 1924, cercada do respeito de pessoas de todas as camadas sociais da cidade.
Fonte: Cultos de Nação Candomblés nº 06
Fotos: Tia Ciata e Tia Josefa; Donga; João da Baiana e Pixinguinha
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